top of page

80ª Assembleia Geral da ONU: reflexos para o Brasil e o mundo

ree

Depois da ONU: o que esperar da 80ª Assembleia Geral e seus impactos para o Brasil


A Assembleia Geral da ONU de 2025 foi marcada por simbolismo e intensidade. Ao completar 80 anos, a Organização das Nações Unidas volta a ser palco de debates que refletem não apenas os dilemas de hoje, mas também os desafios que podem moldar o futuro da cooperação internacional. Realizada em Nova York entre 23 e 29 de setembro, a sessão reuniu chefes de Estado e representantes de 193 países em um momento em que o cenário geopolítico mundial se mostra particularmente conturbado. Conflitos armados, mudanças climáticas e disputas de poder entre grandes potências dominaram os discursos, levantando questões sobre até que ponto o multilateralismo ainda consegue ser uma ferramenta eficaz.


O Brasil manteve sua tradição diplomática de ser o primeiro país a discursar na abertura da Assembleia, uma prática que se repete desde 1955 e que reforça o protagonismo brasileiro no espaço multilateral. A fala brasileira ganhou relevância adicional neste ano, já que o país sediará a COP30, em Belém, em 2025. A interseção entre a agenda climática da ONU e a conferência sobre meio ambiente reforça a expectativa de que o Brasil tenha um papel decisivo na mediação de compromissos internacionais sobre transição energética, preservação da Amazônia e financiamento de políticas sustentáveis. Ainda assim, paira o desafio de transformar discursos em ações concretas, equilibrando pressões externas com demandas internas.


Além da pauta ambiental, os conflitos em curso marcaram o tom da Assembleia. A guerra entre Rússia e Ucrânia, a escalada de violência em Gaza e as tensões no Oriente Médio colocaram em evidência o limite da ONU para promover soluções efetivas diante de impasses entre potências. Muitos líderes defenderam reformas no Conselho de Segurança, questionando sua capacidade de agir com imparcialidade e rapidez diante de crises humanitárias. Nesse contexto, o Brasil aproveitou para reiterar seu pleito por maior representatividade em instâncias decisórias, defendendo a reforma do Conselho como uma forma de democratizar a governança internacional.


Os discursos revelaram também um contraste entre promessas e práticas. Países reforçaram compromissos com metas ambientais, direitos humanos e cooperação internacional, mas o histórico de implementação mostra que ainda existe um abismo entre o que é proclamado em Nova York e o que realmente acontece nos territórios nacionais. Para o Brasil, esse descompasso pode se tornar uma armadilha: é preciso garantir que as promessas apresentadas em palcos internacionais sejam sustentadas por políticas internas consistentes, sob pena de perda de credibilidade.


Encerrada a 80ª Assembleia Geral da ONU, a pergunta que fica é: o que esperar daqui para frente? O evento reforçou a importância de fóruns multilaterais como espaço de diálogo, mas também expôs suas fragilidades diante de interesses divergentes. Para o Brasil, a oportunidade é dupla. De um lado, o país pode consolidar sua imagem de liderança global ao mediar debates sobre clima e desenvolvimento sustentável. De outro, precisa lidar com pressões internacionais e demonstrar coerência entre discurso e ação. O impacto desta Assembleia não será imediato, mas os próximos meses, especialmente à medida que se aproxima a COP30, indicarão se as palavras ditas em Nova York serão capazes de se transformar em compromissos duradouros.



 
 
 

Comments


nova identidade visual - conex_20241214_140641_0000-Photoroom.png
bottom of page