Vivemos em um mundo cada vez mais interconectado, onde a economia de um país pode afetar a de outro a milhares de quilômetros de distância. Mas como isso é possível? A resposta é a Integração Econômica Internacional.
A integração econômica é um processo que aumenta a interação entre países por meio do comércio, no qual os países reduzem ou eliminam as barreiras comerciais e financeiras entre si, buscando aumentar o fluxo de bens, serviços, capitais e pessoas. Esse processo pode ocorrer em diferentes níveis, desde uma simples zona de livre comércio até uma união econômica e monetária, como é o caso da União Europeia.
A integração econômica tem como principal objetivo promover o crescimento e o desenvolvimento global de várias maneiras, como, por exemplo, os países aproveitando as vantagens comparativas de cada um e ampliando os mercados potenciais. Segundo a teoria da vantagem comparativa, formulada por David Ricardo no século XIX, cada país deve se especializar na produção daquilo que tem menor custo de oportunidade e, em seguida, trocar esses bens e serviços. Isso leva a uma maior eficiência econômica e benefícios para todos os países envolvidos.
Além disso, a integração econômica também tem benefícios políticos e sociais, pois aumenta a interdependência complexa entre os países, reduzindo as chances de conflitos armados e incentivando a cooperação em outras áreas, como a ambiental, a cultural e a humanitária. A interdependência complexa é um conceito desenvolvido por Robert Keohane e Joseph Nye nos anos 1970, afirmando que as relações internacionais são marcadas por múltiplos canais, não apenas econômicos, mas também políticos e sociais. Isso significa que a integração econômica pode ter implicações além da economia, afetando a política e a sociedade de maneiras importantes e diminuindo o uso da força.
Um exemplo de integração econômica que ilustra esses benefícios é a União Europeia, que surgiu após a Segunda Guerra Mundial como uma forma de promover a paz e a prosperidade no continente. A União Europeia é atualmente composta por 27 países membros, que compartilham um mercado comum, uma moeda única (o euro), uma política externa e de segurança comum, além de instituições supranacionais que coordenam as decisões coletivas.
Não à toa, a UE é considerada a última utopia das relações internacionais, isso se deve em grande parte pelo bloco seguir os princípios da integração econômica para promover a paz ao aumentar a interdependência econômica entre os países. Isso é consistente com a teoria da Paz Democrática de Immanuel Kant, que argumenta que as democracias liberais são menos propensas a entrar em guerra umas com as outras devido a restrições econômicas e normativas, além do respeito aos princípios do direito internacional e da autodeterminação dos povos.
No entanto, a integração econômica também apresenta alguns desafios e custos para os países participantes, como a perda de soberania nacional, a necessidade de ajustes estruturais, a vulnerabilidade a choques externos e a desigualdade entre os países mais e menos desenvolvidos. Esses desafios exigem dos países uma maior coordenação política e econômica, bem como mecanismos de solidariedade e compensação para os grupos mais afetados pelas mudanças.
Apesar desses desafios, podemos concluir que a integração econômica é um fenômeno positivo para os países envolvidos, pois traz benefícios que superam os custos. A integração econômica não apenas aumenta o desenvolvimento econômico dos países, mas também promove a paz entre eles, contribuindo para um mundo mais estável e cooperativo.
Referências bibliográficas:
KEOHANE, Robert; NYE, Joseph. Power and interdependence: world politics in transition. Boston: Little Brown and Company, 1977.
KANT, Immanuel. À paz perpétua. São Paulo: L&PM Pocket, 2008.
RICARDO, David. On the principles of political economy and taxation. London: John Murray, 1817.
UNIÃO EUROPEIA. O que é a União Europeia? Disponível em: https://europa.eu/european-union/about-eu/eu-in-brief_pt. Acesso em: 27 nov. 2023.
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