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O Ouro Dourado do Sertão: A Saga do Mel Piauiense nos Mercados Internacionais

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Nas terras áridas e resilientes do Piauí, onde o sol castiga com vigor e a caatinga revela sua beleza austera, floresce uma das mais prósperas atividades econômicas do estado: a produção de mel.


Conforme dados oficiais do Governo do Estado, divulgados em abril de 2025, o estado exporta mais de R$ 100 milhões por ano em mel e outros produtos apícolas, consolidando-se como referência no setor.


A trajetória desta conquista é notável. Em apenas uma década, o Piauí triplicou sua produção de mel, saltando da sexta para a segunda posição entre os estados produtores brasileiros.


O que torna o mel piauiense tão especial e cobiçado nos mercados internacionais? A resposta está na preservação das floradas locais, verdadeiro patrimônio natural que confere características únicas ao produto. As abelhas do sertão piauiense alimentam-se do néctar de espécies nativas da caatinga e do cerrado, como o marmeleiro, a aroeira, o angico e o pequizeiro – plantas que resistem bravamente às intempéries do clima semiárido e florescem em períodos específicos do ano.


Não por acaso, especialistas comparam o mel do Piauí aos melhores méis do mundo, destacando sua pureza e qualidade superior.


A apicultura piauiense depende diretamente da conservação da vegetação nativa, criando um círculo virtuoso onde o sucesso econômico caminha lado a lado com a preservação ambiental.


Dados oficiais revelam que impressionantes 93% de todo o mel produzido no estado provém da agricultura familiar.


Em 2023, o Piauí foi responsável por 36% de todo o mel exportado pelo Brasil, movimentando US$ 31,2 milhões. Estes números, além de impressionantes do ponto de vista econômico, representam a transformação na vida de aproximadamente 8 mil famílias que dependem direta ou indiretamente da atividade apícola no estado.


A organização destes produtores em cooperativas tem sido fundamental para o sucesso do setor. Recentemente, em julho de 2025, uma cooperativa piauiense celebrou um marco histórico: a primeira exportação de mel da agricultura familiar para o Japão. Esta conquista simboliza não apenas a abertura de novos mercados, mas também o reconhecimento internacional da qualidade do produto piauiense.


Nem tudo são flores no caminho do mel piauiense. Em julho de 2025, o setor enfrentou um de seus maiores desafios: a imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, incluindo o mel. O impacto foi imediato e severo, com a suspensão das exportações para o mercado norte-americano, que absorvia cerca de 80% da produção de mel orgânico do estado.


Segundo reportagem do G1 de agosto de 2025, mais de 2 mil toneladas de mel ficaram paradas no Brasil devido ao tarifaço, com as exportações do mês de julho ficando aproximadamente 50% abaixo do esperado. Para o Piauí, que em 2024 exportou dez toneladas de mel e movimentou US$ 25,5 milhões, o golpe foi particularmente duro.


Diante deste cenário adverso, produtores e autoridades piauienses têm buscado alternativas. A diversificação de mercados surge como estratégia principal, com o governo estadual articulando a abertura de novos destinos para o mel piauiense. O sucesso da primeira exportação para o Japão, mencionada anteriormente, é um exemplo desta reorientação estratégica.


Além disso, produtores aproveitaram uma breve prorrogação do prazo para a implementação das tarifas americanas, em agosto de 2025, para enviar mais de 50 toneladas de mel sem taxação adicional.

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